Que 1612, que nada: primeiros “ludovicenses” já habitavam a Ilha do Maranhão, pelo menos 7 mil anos atrás
Estudos e levantamentos arqueológicos realizados pela empresa W Lage Arqueologia e coordenado pelo arqueólogo Wellington Lage, descobriu, até o momento, uma vez que ainda estão em andamento as pesquisas, um número enorme de peças de valor histórico: são cerca de 100 mil fragmentos, entre cerâmicas, materiais líticos (ferramentas feitas com pedra), carvão, conchas decoradas e 43 esqueletos humanos.
Tudo foi encontrado após o início de uma obra onde a construtora MRV está erguendo condomínios residenciais do programa Minha Casa Minha Vida, do governo Federal, numa região estratégica do ponto de vista para uma aldeia – próxima a rios e ao mar.
Diversas análises e métodos científicos ainda estão em andamento para descobrir com precisão a datação dos matérias encontrados, contudo, esses materiais e os esqueletos, mas o número de sepultamentos e a quantidade de peças encontradas apontam para um sítio arqueológico que pode vir a ter um valor inestimável para o estudo do passado do povo brasileiro.
Esqueletos dos primeiros “ludovicenses”
Os esqueletos, de homens e mulheres foram localizados embaixo de um sambaqui, que é um morro de conchas e sedimentos construídos na beira de rios e no litoral por populações que habitaram o Brasil há milhares de anos, e podem pertencer, pelo que indicam análises preliminares, a homens e mulheres fortes e de baixa estatura que foram cuidadosamente enterrados. Em um destes sambaquis foi encontrado um vaso de cerâmica que possivelmente é do tipo Mina, (este tipo de vaso tem datação de cerca de 5 a 7 mil anos atrás), e já foi catalogado em outras áreas do Norte do Brasil – a tradição ceramista dos povos amazônicos é de 8 mil anos atrás.
Esta descoberta tem animado pesquisadores para se aprofundarem nas investigações arqueológicas, todo o material será salvo e encaminhado a museus e centro de pesquisas. A WLage é uma empresa certificada e licenciada pelo IPHAN. A legislação brasileira não impede a construção de empreendimentos imobiliários em locais de interesse arqueológico, desde que seguido o licenciamento ambiental, o que foi feito.
Sobre os sambaquis, a legislação que trata dos monumentos arqueológicos e pré-históricos diz que eles terão “precedência para o estudo” e que não pode haver aproveitamento econômico nem destruição das estruturas antes da devida pesquisa.
Localização estratégica
O local onde foi encontrado o sítio arqueológico está a menos de 5 quilômetros da Avenida Litorânea, próximo a praia do Caolho, e há menos de 3 quilômetros do Rio Pimenta, entre a Cohama e Vicente Fialho, na Avenida Daniel de La Touche. Do ponto de vista para uma aldeia era fundamental estar neste local, já imaginou há 7 mil anos atrás ???? Como seriam as nossas praias e os rios ?????
Atualmente, a área irá abrigar 4 condomínios que, pelo fato de São Luís estar na Ilha do Maranhão foram batizados com nomes da ilhas caribenhos (Aruba, Havana, San Andrés e San Martin). Ao todo, serão 1.600 apartamentos que, segundo a MRV, devem contribuir para a diminuição do déficit habitacional de São Luís e gerar cerca de 2.100 empregos diretos e indiretos.
Sobre os levantamentos e Pesquisas em andamentos
O trabalho de pesquisa e escavação arqueológica, realizado pela empresa W Lage Arqueologia, começou ainda em 2019 e segue em andamento. Segundo o arqueólogo e coordenador dos trabalhos, Wellington Lage, disse que prefere não se antecipar aos fatos, enquanto o material está sob análise e em constante descoberta. Um relatório parcial da empresa, mais recente, em novembro de 2023, diz que “novos achados estão sendo evidenciados a cada dia”.
Os resultados das análises – que indicarão, por exemplo, a datação dos esqueletos e dos fragmentos – devem levar meses para sair, dado o volume de material e o fato de que alguns exames estão sendo feitas fora do Brasil. A análise mais aprofundada do conjunto de artefatos e esqueletos pode vir a revelar, ainda, mais informações sobre os grupos que habitaram São Luís e quais eram suas práticas funerárias.
A MRV, dona do empreendimento, diz que “vivenciar estas descobertas foi incrível ainda mais porque pudemos e poderemos contribuir para que mais pessoas tenham a oportunidade de estudar e conhecer esta riqueza arqueológica de valor inestimável”.
A construtora afirma ter fornecido, desde o início, materiais e colaboradores para o trabalho arqueológico e que buscou atender todas as exigências legais. Por determinação do IPHAN, a empresa está construindo um centro na Universidade Federal do Maranhão – UFMA, para guarda dos itens.
EM TEMPO: a pregunta que não sai da cabeça é como estes homens e mulheres vieram parar na Ilha do Maranhão;
E MAIS: pelos artefatos encontrados estamos falando de 7 mil anos atrás.
Um Comentário
Quero saber dessas construtoras o porque? Dessa Paranóia de sempre querer colocar os nomes de outros lugares que não tem nenhuma relação com nossa história nos condomínios aqui no Maranhão, principalmente em São Luís?
Porque? Não homenagear nossos escritores e escritoras, e ou pessoas que marcaram nossa história?