Declarações do militar demonstraram que Bolsonaro arquitetou plano para Golpe de Estado para se manter no poder mesmo depois de perder as eleições de 2022
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi, certamente, o réu mais prejudicado pelo depoimento prestado pelo tenente-brigadeiro Baptista Júnior, ex-comandante da Força Aérea Brasileira – FAB, ontem, quarta-feira (21/5) no Supremo Tribunal Federal – STF. As declarações do militar comprovaram que Bolsonaro queria se manter no poder mesmo depois de perder as eleições de 2022 e contou com aliados para pensar e executar a trama golpista.
Baptista Júnior contou para o ministro Alexandre de Moraes que o ex-presidente segurou a divulgação do relatório das Forças Armadas sobre as urnas eletrônicas quando soube que não havia indício de fraude, confirmou as reuniões de intuito golpista no Palácio do Alvorada, falou de uma minuta de golpe dentro de um plástico apresentada pelo ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira aos comandantes e disse que o almirante Almir Garnier dos Santos colocou as tropas à disposição de Bolsonaro.
As declarações de Baptista Júnior deixaram claras que a intenção golpista foi crescendo dentro do governo Bolsonaro a partir de constatações de que não haveria como contestar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, dentro dos prazos legais. O ex-comandante ainda confirmou os “cabeças” golpistas, entre eles até mesmo a ideia de prisão de Moraes e as dúvidas sobre a eficiência da prisão, visto que ele teria um habeas corpus concedido por outros ministros. Deste modo, surgiu a questão sobre o que fazer com os demais membros da Corte.
Por mais que Baptista Júnior tenha confirmado no STF o que informou à Polícia Federal, as declarações ditas novamente reforçam a tese da denúncia da Procuradoria-Geral da República – PGR e enfraquecem os argumentos de um golpe inventado pela Polícia Federal, PGR e Supremo.
EM TEMPO: nos bastidores, a avaliação da PGR foi a de que o depoimento foi “firme e esclarecedor”, em contraposição aos titubeios do depoimento do general Freire Gomes;
E MAIS: para especialistas, o depoimento de Baptista Júnior serviu apenas para colocar os pontos e as vírgulas em toda escrita do plano golpista;
PRA FECHAR: depoimento do ex-comandante da Aeronáutica foi mais uma etapa para levar à condenação, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro.
Um Comentário
Só no Brasil um monte de aloprados acampam nas portas dos comandos militares com as bençãos do presidente da República e do comandante do exército. Qual o propósito? Criar um clima de insegurança institucional no país para legitimar medidas de exceção. Nunca se viu tamanho inconformismo pela perda das eleições. A principal explicação era se manter Bolsonaro no poder para evitar a apuração dos seus graves crimes. Daí as tentativas de evitar a posse de Lula. Se esse golpe tivesse se consumado, hj estaríamos vivendo num regime de exceção. E ainda tem quem queira que esse desastre acontece. Inacreditável